Ficar no mesmo lugar
Lida aqui, no Jornal de Negócios (mas a notícia está por todo o lado e ninguém a desmentiu). Diz assim:
“A poucos dias do arranque de mais um ano lectivo, pais dos alunos que estavam inscritos nas turmas de música e de dança foram informados pelas escolas de ensino artístico de que não havia verbas para ensinar os seus filhos.
Isto porque esta oferta formativa é dada maioritariamente por 97 escolas privadas através de financiamento do Ministério da Educação e Ciência (MEC), mas as regras foram alteradas este ano e, na semana passada, muitas escolas foram informadas de que iriam receber menos verbas do que esperavam”.
Esta notícia vale mais do que um debate entre dois candidatos a primeiro-ministro (que, de resto, não dedicaram um segundo do seu tempo de antena à educação). A experiência que tenho vivido com o meu filho, que felizmente foi estudar para fora, com métodos de ensino radicalmente diferentes dos nossos - onde se valoriza o gosto por aprender (nem que seja a remar…) e se incentiva a multiplicidade de experiências e aprendizagens -, ensinou-me que a educação não vale nem se distingue pelas disciplinas clássicas e obrigatórias, mas pelas outras: as que a escola consegue proporcionar, seja a música ou as artes plásticas; e as que a escola não dá, seja o inter-rail ou lavar pratos num restaurante.
Dito isto, a noticia de mais um corte na formação dos nossos filhos é apenas a confirmação de algo que já nos levou à Troika e nos levará seguramente mais fundo: quem não investe na educação, nem lhe ocorre pensar sobre o assunto, não quer saber do futuro para nada. E quem não quer saber do futuro para nada, e assim caminha permanentemente para o abismo, não devia governar.