02
Out17
Gosto, Não Gosto
Rapidamente, sobre as eleições de ontem, cujos resultados me deixaram dividido entre a alegria e a tristeza, decidi fazer um clássico “Gosto, Não Gosto”... Neste caso já com o verbo no passado:
- Gostei de ver André Ventura ser chutado para o terceiro lugar de Loures. O discurso populista, racista, a roçar a extrema-direita, não pegou. Espero que se mantenha coerente e continue a viver nas valetas da política.
- Não gostei de ver Isaltino de Morais ganhar Oeiras. Pelos vistos, de nada serviu um julgamento, uma condenação, e uma prisão – e dá razão ao candidato a deputado brasileiro, cujo slogan de campanha era algo do género “Eu roubo, mas eu faço”...
- Gostei de ver Assunção Cristas premiada pelo empenho, pelo entusiasmo, pela dedicação, pela coragem. E pelas ideias e promessas. Espero que não desiluda os eleitores, que lhes “dê em dobro” o que recebeu (palavras dela), e que confirme que há vida depois de Portas.
- Não gostei da vitória esmagadora de Fernando Medina. Os lisboetas, como eu, sabem que não merecia. “Alindar” a cidade não é o que se pede ao Presidente da CML – e sentindo que todos os dias mais lisboetas são literalmente expulsos da cidade para os subúrbios, e que a cidade vive um caos que resulta das (erradas) prioridades da Câmara, esperava uma vitória ligeira, que lhe reconhecesse algum talento mas o obrigasse a ouvir quem vive na capital.
- Gostei de ver Narciso Miranda e Valentim Loureiro remetidos ao lugar que merecem. Perdedores.
- Gostei de ver Pedro Passos Coelho, por um momento, não fingir que ainda é primeiro-ministro, e reconhecer que não vai ser muito mais tempo líder do PSD.
- Não gostei dos números da abstenção. O português adora dizer mal “deles” e queixar-se “deles” – mas depois está nas tintas para votar “noutros” ou “neles” ou em “ninguém”. Não votaram? Calem-se por quatro anos...
(Este texto é dedicado a toda a equipa do Sapo24, que fez uma difícil e excepcional emissão online que ajuda a definir onde está o futuro quando se fala de jornalismo...)