Julgar
Não consigo aceitar, entender ou sequer encontrar uma lógica para o que terá levado o copiloto da Germanwings, Andreas Libitz, a cometer o crime que presumivelmente cometeu. Não se pode falar em suicídio quando, além do suicida, se matam deliberadamente 150 pessoas.
Mas, por outro lado, também não me sinto capaz de julgar um homem cuja cabeça já não podemos sequer avaliar. Não consigo imaginar o desequilíbrio, a disfuncionalidade, o grau de loucura que o levou a um acto desta natureza. Está para lá da minha capacidade de entendimento - logo, por consequência, de julgamento.
No encontro entre estas impossibilidades, e pensando nos mortos e nos seus familiares, só consigo admitir que é necessário ter perdido definitivamente a bússola da vida para se chegar a este extremo. E dar graças pelo facto da maioria de nós ter, durante a maior parte do tempo, e sempre que essencial, a bússola da vida no lugar certo.
Infelizmente, o mundo é feito e comandado por pessoas. Felizmente, o mundo é feito e comandado por pessoas. Nunca sairemos desta equação.
Só podemos tentar que a aritmética das vidas tenha todos os dias um resultado mais próximo do resto zero.