Os media, Sócrates, o espectáculo
Sim, eu também acho um exagero - e “sinto” promiscuidade - na cobertura que os media, especialmente as televisões, estão a fazer do “caso” José Sócrates. Parece que há quem avise que o senhor vai aterrar, o senhor vai ser detido, o senhor vai ser ouvido, e no entretanto Felícia Cabrita “descobre” todos os indícios e presunções de delito e escarrapacha a matéria, com milhões contados e certezas deterministas, na edição online do “Sol”.
Mas, sem querer defender a classe a que tenho pertencido nos últimos 30 anos, deixem-me que vos diga: para quem está habituado a ver o criminoso sempre pobre, desgraçado, sozinho e doente, posso perceber algum entusiasmo quando, repentinamente, os presumíveis implicados são poderosos, ricos, bem acompanhados, e até talvez com saúde.
Não concordo e não faria assim. Mas percebo. É uma espécie de 25 de Abril, versão 2.0, só para jornalistas e agentes da justiça…
Só faltam nacionalizações e uma nova reforma agrária. Já estivemos mais longe.