Sem tempo para um último abraço
A última vez que estive com ela foi há ano e meio, no enterro do seu amor, Rui Valentim de Carvalho. Gostava de Maria como se gosta de uma madrinha, ou de uma tia - alguém que está sempre perto mesmo quando parece longe. Fico triste com a sua morte, fico muito triste por não ter tido tempo de lhe dar um último abraço. Consola-me apenas o facto de, a ser assim a vida depois da morte, ela estar agora de novo ao lado do seu Rui.
E deixo as palavras justas e certas de Delfim Sardo:
"Maria Nobre Franco era luminosa, com a intensidade de uma sensibilidade que a fez compreender o seu tempo, por vezes irritar-se com a pequenez e o provincianismo, mas sabendo sempre que pouco importa que não seja a generosa partilha. Foi esta dimensão, da civitas como espaço de troca, de oferta da arte à fruição, que a moveu, que nos moveu com ela e que agora mora, mais silenciosa e cega, nas obras que por ela esperam e que, mais solitárias, a saúdam.”
Não sei de quem é a foto (se alguém souber, que me diga, gosto de dar o seu a seu dono), mas gosto de a recordar assim, como era: alegre, leve, de braços abertos à vida