Ser grego
Para o que aqui me traz, é indiferente se o Syriza é de esquerda ou extrema-esquerda, se vai dar cabo da frágil estrutura que sustenta a União Europeia, se a Grécia vai ou não pagar o que deve.
Para o que aqui me traz, interessa isto: enquanto nós, em Portugal, dizemos mal dos politicos por grosso e sem medida - gritamos que “são todos iguais”, que “andam cá todos ao mesmo”, “que é só servirem-se” e outras bojardas do mesmo nível -, mas depois, quando chega o dia, encolhemos o rabinho entre as pernas e votamos ora num ora noutro partido do centrão, com meia-dúzia de votos distribuídos pelos restantes; enquanto isso, na Grécia, os eleitores têm a capacidade de arriscar a mudança, por mais populista que seja, por mais que o voto constitua não mais do que um protesto. Este é o facto: em vez de fazerem conversa de café, mudaram mesmo. Votaram. Decidiram. Deram sentido à palavra democracia.
É muito provável que em breve estejam arrependidos - mas não poderão dizer que não tiveram a coragem de ousar a alternativa. Como diria o meu filho, “é de valor”.
Hoje, eu sou grego.