Somos todos aqui, na Terra
Sei que é uma expressão típica das novas gerações: quando querem dizer que algo é extraordinário, que lhes encheu as medidas, exclamam um “é brutal!” que a mim quase sempre me cheira a exagero…
… Porém, “brutal!” é mesmo a palavra que me ocorre depois de ver a exposição “Génesis”, do genial Sebastião Salgado, que enche os corredores da Cordoaria Nacional. Brutal no sentido de extraordinário, mas também no sentido de impressionante, de impactante, de grandioso. Brutal ainda na ideia de um mundo tão maior do que o julgamos, do que o conhecemos, do que o sonhamos.
“Génesis” percorre, com a mestria do trabalho a preto e branco de Salgado, das suas texturas, nuances de cor e dimensões, um mundo de contrastes e complementos: da natureza, de um reino animal que nos confronta e desafia, de povos e culturas que nos fazem todos iguais, por sermos todos diferentes. E vivermos em tempos comuns, porém desfasados e próprios.
Costumo dizer - e é lugar-comum, claro - que viajar é a melhor maneira de nos recolocarmos no universo e termos a verdadeira dimensão da nossa pequenez e insignificância individual, e do mundinho da treta onde vivemos. Depois de ter visto “Génesis”, diria que, além de viajar, ver esta exposição ainda nos torna mais pequenos, mais humildes, e acima de tudo mais humanos. Somos todos aqui, na Terra. E é brutal.