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Pedro Rolo Duarte

15
Set14

Trovas do vento que passa

Noticia de jornal: “Os bilhetes para os quatro concertos de Martina Stoessel – a Violetta da Disney, que actua no Pavilhão Meo Arena, em 2015 –, devem esgotar este domingo. Em pré-venda, ‘voaram’ 24 mil entradas no sábado”. Perguntará o incauto: e quem é a Violetta?
Só quem tem filhos abaixo dos 10 anos sabe responder com propriedade, mas dada a minha convivência com algumas crianças dessas idades, posso adiantar: é a protagonista de uma série que passa apenas no canal Disney e se chama justamente Violetta. A rapariga tem 17 anos, é argentina, actriz e cantora. A televisão mostrou as filas para comprar bilhetes e a histeria que se apoderou da miudagem quando se soube que vinha a Portugal.
Até aqui nada de novo, é mais um daqueles fenómenos de popularidade que as crianças cultivam com esmero e dedicação até ao dia em que cruelmente trocam essa obsessão por outra, e esquecem em minutos o que parecia ser um amor para a vida…
O que é novo (ou melhor, mais sólido do que nunca, dado que já tínhamos visto um caso semelhante com a série Hannah Montana, que lançou para a estratosfera Miley Cyrus) é o facto de se confirmar por esta via o fim do poder hegemónico dos canais de televisão generalistas sobre as massas populares.
Ou seja: não foi a RTP nem a SIC nem a TVI a criarem e tornarem monumental a figura de Violetta - foi um canal de cabo, para mais um canal temático, infanto-juvenil. Certamente articulado com redes sociais e outras plataformas, a Disney consegue criar um fenómeno de moda que nos habituámos desde sempre a estar reservado apenas aos generalistas. É o fim de um tempo, é mais um paradigma que muda, mais um dado adquirido que desaparece.
Os media vivem a maior revolução desde que Gutenberg inventou o que viria a ser a tipografia. Ao contrário do que sucedeu com o aparecimento da rádio ou da TV, o que está hoje em causa não é o meio - é o modelo de negócio em si, é a maneira de comunicar, são os canais e as plataformas de comunicação. No século XX evoluímos da impressão em papel e da telegrafia até à rádio, à televisão, ao cinema, ao video. Criámos uma industria e uma forma de ganhar dinheiro com ela. No começo deste século XXI, todo esse mundo desapareceu e estamos de facto a inventar de novo a roda. Mesmo sem saber como roda e para que lado vai rodar.
É tão fascinante quanto imprevisível. Ou talvez seja fascinante por causa disso mesmo.

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