Um pouco de optimismo
Um dos meus jornais favoritos em papel é o dominical britânico “The Observer”. O grafismo, os colunistas, a abordagem aos temas da semana, fazem dele muito mais do que uma edição de domingo do “The Guardian”. É ainda um pequeno luxo no mundo dos jornais impressos.
O problema do Observer é que… não chega a Portugal! Por isso, só quando vou a Londres (que saudades…), ou quando alma caridosa aceita o meu pedido e compra a edição antes de embarcar para cá, consigo deitar-lhe a mão.
Foi o caso. E foi um bom caso…
Além da edição de domingo passado incluir a revista mensal Food Monthly - para amantes da cozinha, um excelente extra… - inclui uma serie de matérias que me animaram a existência. A principal delas é uma entrevista longa com James Daunt, o CEO da rede de livrarias Waterstones, que anuncia o regresso ao verde dos indicadores financeiros da empresa.
Depois de uma profunda crise (financeira, a que se juntou a explosão das redes do tipo Amazon, os ebooks, etc), que praticamente anunciou o fim das livrarias clássicas, Daunt iniciou em 2011 um plano de recuperação das lojas, na sequência da compra da empresa pelo um milionário russo Alexander Mamut.
O resultado é, três anos passados, o anuncio do break even no final das contas deste ano, e notícias de expansão: depois de fecharem 60 lojas até 2011, agora começam a abrir novas livrarias em toda a Grã-Bretanha.
James Daunt fala com entusiasmo de novos conceitos de loja - com maior luminosidade, sempre com um café incluido, com zonas de papelaria, gadjets, até brinquedos. Escolhas inteligentes na exposição dos livros, aconselhamento cuidado ao comprador (que volta sempre que lhe agradou o livro recomendado). Espaços acolhedores onde se possam passar bons bocados - por oposição a estações de correio onde se espera de pé para levantar a encomenda da Amazon…
O optimismo de Daunt, e a forma apaixonada como fala de livros e leitura, animou o meu domingo.
E fez-me acreditar que um dia ainda vou ter uma livraria…